sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A fabricante de armas Beretta é a mais antiga empresa familiar do mundo. Conheça seu sucesso.

Beretta: a mais antiga empresa familiar do mundo


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A família Beretta habitualmente fornece seu produto muito especial — as armas Beretta — a reis, presidentes, esportistas e exércitos há mais de 500 anos. Entre seus clientes famosos está James Bond, o agente 007 dos filmes de grande sucesso. O que mais um departamento de marketing poderia pedir em termos de promoção gratuita? A verdade é que o nome Beretta tornou-se sinônimo de eficiência e qualidade graças ao desempenho de seus produtos através dos séculos, e à gestão eficiente dos membros da família.

A história da Beretta começa com Bartolomeo Beretta, nascido no final do século XV num vilarejo da região de Veneza. Ele era o mestre-fereirro da aldeia em que vivia e desde então sua habilidade tem sido transmitida através de 15 gerações da família, até os dias de hoje. Até os tempos de Napoleão a Beretta era uma pequena empresa regional, mas as guerras napoleônicas lhe deram a oportunidade súbita de se expandir, transformado-a numa empresa internacional, um dos baluartes da indústria do Norte da Italia.

As sucessivas gerações trataram de expandir e difundir a marca. Em 1915, com a criação da pistola semi-automatica, adotada logo a seguir pelo exército italiano, a fama da Beretta correu mundo. Em seguida veio a NATO, que passou a usar as pistolas Beretta em seus exércitos; depois veio a encomenda do exército americano para o novo produto — as pistolas de 9mm, o que trouxe a consagracão universal.

A chave do sucesso da Beretta é baseada nas duas palavras gravadas em cima da porta de entrada do Palacio Beretta: “Prudencia e audacia”. Essa soma de ousar, expressada pela palavra audácia, com a prudência, palavra-chave dos cautelosos, traduz bem a filosofia da família.

Cada geração tentou adotar sempre a última palavra em tecnologia, não importa qual fosse a fonte. Fazia parte da cultura da família sempre investir para estar de acordo com a técnica mais recente. Dessa forma, durante os 500 anos de existência da empresa, dez mudanças completas em tecnologia foram efetuadas — praticamente uma a cada geração. A cultura da família era inovar sempre, sem importar com a origem de cada nova tecnologia.

Nunca houve preconceito contra usar tecnologias estrangeiras. Na década de 1980 a empresa adotou a técnica de CAD/CAM (computer aided design/manufacturing), que triplicou sua produtividade. A companhia tem mantido uma política de manter o know-how antigo da fabricação manual de armas epeciais para esportistas, até feitas por encomenda, que somada às tecnologias modernas dão como resultado alta qualidade a baixo custo de produção.

O fato de o palazzo da família ser ao lado da fábrica cria uma ligação da família com a empresa desde a infância. Para os jovens da familia parece natural ir trabalhar na fábrica assim que terminam os estudos.

A sucessão de uma geração para outra nunca foi um problema na Beretta. Eles sempre seguiram o sistema medieval de transmissão monárquica pelo qual o rei passava o reino para um filho, geralmente o mais velho, ficando os outros a ver navios. Dessa maneira evitou-se a pulverização do controle por centenas de parentes. Quando não havia filho, ou se o pai percebia que seu filho não tinha a competência necessária, ele não hesitava em adotar algum sobrinho ou jovem de outro ramo da familia, assegurando assim perenização da empresa nas mãos de um Beretta.

Esse sistema sofreu modificação em 1957, quando morreu Pietro Beretta após comandar a empresa durante 54 anos. Ele foi o último padrone a ter 100% das ações. O governo se apropriou de 36% das ações e, como não tinha filho, Pietro legou o restante para seus dois irmãos e uma irmã. Os dois irmãos comandaram a empresa em conjunto e como nenhum teve filhos, um deles adotou Ugo, filho da irmã, que em 1992 assumiu a presidência.

Outro fator que ajudou na longevidade da firma foi o fato de ela ter permanecido uma empresa de porte médio, não necessitando abrir o capital para se expandir, o que poderia ter levado à perda do controle pela familia. Até 1987 a empresa permaneceu com sua única fábrica no mesmo local original. Nesse ano ela foi forçada a abrir uma fábrica nos Estados Unidos, pois uma exigência do exército americano era que a pistola M6 que eles passariam a comprar fosse fabricada dentro do país. As duas fábricas empregam ao todo pouco mais de 1.300 pessoas, mas mesmo assim o faturamento anual chega a 100 bilhões de libras.

Nas últimas décadas o papel do padrone tem sido de representar a empresa externamente, e pensar no estratégia futura, entregando o dia-a-dia das operações a talentosos gerentes não-familiares. Esse corpo gerencial é supervisionado por um Conselho com maioria não-familiar, o que ajuda a trazer novas idéias para a empresa. O atual presidente, Ugo Gussalli Beretta, tem um filho de 31 anos com MBA, e a tendencia é que ele suceda ao pai, se provar que é competente. O segundo filho, de 29 anos, é mais voltado para a área técnica e está encarregado de uma nova linha de produtos, numa tentativa de diversificação: roupas para esporte.

Os dois filhos têm bastante liberdade de ação, podendo assim provar suas qualidades de iniciativa e liderança e o pai espera que quando chegar o momento de ele deixar o comando mais uma vez, um jovem Beretta sucederá o comando da empresa.

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